Exposição “Atenas 1896”

Por Maria Helena Antoniadis

Devido à pandemia que assolou todo planeta em 2020 os Jogos Olímpicos, que seriam realizados ano passado no Japão, foram adiados para esse ano e acontecerão de 23 de julho a 08 de agosto. A Olimpíada de Tóquio, segundo o Comitê Organizador, não receberá o público estrangeiro. Em toda história da Olimpíada da Era Moderna essa edição será atípica, e seguirá todos os protocolos de segurança sanitária para evitar a contaminação da Covid-19.

Enquanto a 32ª edição não chega, vamos relembrar as ações que aconteceram no Brasil durante as Olimpíadas do Rio, em 2016. Na ocasião, o Consulado Geral da Grécia em São Paulo, realizou a exposição “Atenas 1896 – A Primeira Olimpíada Moderna” com reprodução de fotografias e documentos da primeira edição do Jogos na Era Moderna, realizada na Grécia.

A Exposição aconteceu simultaneamente na FAAP, Saguão do Conjunto Nacional, Shopping Iguatemi e nas estações de metrô República, Sé e Paraiso durante os meses de junho a agosto daquele ano, na cidade de São Paulo.

Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP

Embaixador Kyriakos Amiridis – in memorian e Cônsul Konstantinos Konstantinou
Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP
Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP
Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP
Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP
Foto: Rafayane Carvalho/ FAAP

Segundo o então Cônsul Geral da Grécia em São Paulo, Konstantinos Konstantinou, a ideia de realizar a exposição em diversos pontos da cidade teve por objetivo atrair e atingir o maior número de pessoas, para que pudessem conhecer a história da primeira Olimpíada da Era Moderna e apreciar a beleza das fotografias documentais do século 19, uma das mais fascinantes descobertas.

A habilidade de capturar em detalhes a representação real do momento fez com que a fotografia se tornasse o melhor meio de registro das Olímpiadas naquela época. O evento, um dos mais importantes do século 19, foi registrado principalmente pelo fotógrafo grego Iannis Lampakis (1851-1916) e pelo alemão Albert Meyer (1857-1924). Cada fotógrafo registrou as competições e os atletas de uma forma muito subjetiva, contribuindo para agregar valor a este pequeno mosaico fotográfico.

A primeira exposição deste material aconteceu em Londres, em 2012 durante os Jogos Olímpicos. Dada à importância histórica e o fato de os Jogos terem sido realizados pela primeira vez em um país da América do Sul, o Consulado Geral da Grécia em São Paulo se mobilizou para trazer este raro acervo composto por 69 reproduções, das quais 54 são de fotografias das competições, premiações e comemorações e 15 são de ilustrações, notícias de jornal, tíquetes de entrada dos jogos e textos que contextualizam a primeira Olimpíada Moderna.

Este acervo pertence à Coleção do Museu Benaki, Atenas, ao Museu Histórico Nacional de Atenas, à Biblioteca Gennadius, Atenas, e aos arquivos da família Lampakis. Após a realização desta exposição em São Pauço, o material retornou à Grécia.

Do Templo de Hera ao Maracanã

Os Jogos Olímpicos aconteceram pela primeira vez em 776 a.C. no santuário de Olímpia (Grécia) em homenagem ao deus Zeus. Assim como nos dias de hoje, os Jogos aconteciam de quatro em quatro. Eram os mais importantes jogos pan-helênicos e representavam tréguas para as guerras de então. As competições na Antiguidade aconteciam no templo de Hera, esposa de Zeus na Mitologia grega, e eram a principal celebração do mundo grego antigo. Com o Cristianismo, os jogos foram abolidos por se tratar de um evento pagão. As Olimpíadas só voltaram a acontecer no século XIX, quando, em 1894, Pierre de Coubertin organizou um congresso internacional na Sorbonne, em Paris, e propôs o retorno de um evento desportivo internacional periódico, inspirado no realizado na Grécia antiga.

Pierre de Coubertin e Dimitrios Vikelas, empresário grego e primeiro presidente do Comité Olímpico Internacional, assinaram o acordo que garantia à Atenas sediar os primeiros jogos olímpicos modernos. Esta decisão audaciosa foi recebida com mais ceticismo que entusiasmo pelo governo grego. Mas a Monarquia e a oposição viram os Jogos como uma oportunidade de resgatar a imagem do país no exterior e fortalecer o elo entre o Estado grego moderno e o passado da Grécia antiga. Foi então que, com patrocínios e doações, o estádio Panathenaico, em Atenas, foi construído sobre as ruinas de um antigo estádio.

A programação dos Jogos Olímpicos de Atenas de 1896 foi definida com base no projeto de Coubertin e incluía as provas de atletismo (corrida, salto em altura, salto em distância, salto com vara, lançamento de disco, arremesso de peso e maratona), ginástica, esgrima, luta livre, tiro, esportes aquáticos (iatismo, natação, remo e polo aquático), ciclismo, hipismo, tênis e cricket. Coubertin tentou mesclar ao máximo as provas de atletismo com os jogos de esportes em equipe.

Nesta primeira edição foram 43 vitórias olímpicas, sendo 11 americanas, 10 gregas, 7 para a Alemanha e 5 para os franceses. Ramos de oliveira eram distribuídos como prêmios, juntamente com um certificado confeccionado pelo pintor grego Nikolas Gyzis e uma medalha desenhada pelo escultor francês Jules-Clement Chaplain.

Evento de origem e tradição europeias, os Jogos Olímpicos aconteceram na América do Sul pela primeira vez na história, em 2016 com a Olimpíada do Rio. A Cidade Maravilhosa foi palco deste grandioso evento esportivo e mundo assistiu a uma das mais belas aberturas dos Jogos realizada no Maracanã.

Realização: Consulado Geral da Grécia em São Paulo

Curadoria: Stamos Fafalios e Aliki Tsirgialou

Curadoria local: Isabella Lenzi

A3 Comunicação – www.a3comunicacao.com.br – Foto de abertura: Rafayane Carvalho/ FAAP