Originalmente uma dança executada por dois homens armados frente a frente, lentamente desenvolveu-se em uma dança improvisada para homens. Sua origem está na Ásia Menor, lugar de deslocamentos gregos, uma pátria há muito perdida, com vidas e fortunas. Portanto, é quase uma experiência religiosa que não deve ser tomada de ânimo leve.
Um homem de verdade não tem vergonha de manifestar sua dor ou fraquezas. Ele ignora convenções sociais e condescendência superficial. Ele escolherá a música e a letra que expressam sua situação pessoal ou estado de espírito.
Então, é ele quem escolhe a música e toma a pista para dançar. A música que ele escolheu expressa sua profunda dor e esta é aquela que ele vai dançar, sozinho e com seus demônios. Como um homem que enfrenta o abismo.
Não é uma dança social, é um momento pessoal, como o momento da oração, e seus amigos e outras pessoas significativas devem saber e respeitar isso.
Também conhecida como “dança da águia”, o Zeibekiko é executada com os braços bem abertos e tem forte intensidade. Hoje, a dança perdeu um pouco do seu aspecto trágico e é executada por homens ou por mulheres, que começaram a participar do movimento expressivo, quebrando os papéis de gênero.
Na verdade, um vídeo viral de uma menina da ilha grega Kastellorizo dançando Zeibekiko com passos controlados e impressionantes encantou o mundo.
O Zeibekiko é o ritmo grego mais puro. Grande parte do gênero musical Rembetiko, música de gente dolorida e torturada, onde cantar e dançar poderia abreviar um pouco o Kaimós (desespero e tristeza) da alma, utilizou os ritmos do Zeibekiko.
As músicas do ritmo Zeibekiko são criações artísticas de camadas populares, e a influência da música bizantina é nítida não somente nas cores sonoras, melodias e escalas, mas também nas muitas interações orientais.
Vestígios de Rembetiko, e conseqüentemente de Zeibekiko, aparecem em todos os centros urbanos do período da desintegração do Império Otomano, isto é, com o surgimento das sociedades urbanas.
Konstantinos Argiros, um dos artistas de maior sucesso de sua geração e uma das figuras mais brilhantes da música grega, lançou um novo Zeibekiko em 2020. A música é dedicada à capital grega e sua busca por seu amor perdido. O título da música é ‘Minha Atenas’ (Αθήνα Μου).
Uma música com emoções genuínas, referências sociais e com a letra escrita por Lefteris Kintatos, que cria um sentimento de orgulho para a capital da Grécia.
O vídeo, dirigido por Giannis Dimolitsa, inclui toques nostálgicos de memórias de uma antiga Atenas e é inspirado pelos fundadores da música grega atemporal. Argiros no videoclipe desempenha o papel de um homem da classe trabalhadora que traz à tona a miséria de sua alma em uma pitoresca taverna, enquanto busca desesperadamente por sua amada na capital.
Vale destacar que o videoclipe de “Minha Atenas” é uma ode ao clássico “Evdokia” (1971) de Alexis Damianos, do qual se tornou conhecido o lendário “Zeibekiko Tis Evdokias” de Manos Loizos.
Curiosidade: A dança turca “Zeybek” (zeybek ou zeybeği) não tem nada a ver com o Zeibekiko grego. Ritmicamente é uma forma de tsifteteli lento que geralmente é dançado em grupo.
Fontes: www.pro-dance.gr / Tradução: Kleoniki Kiourkou; www.theculturetrip.com; www.greekreporter.com, www.greekcitytimes.com e www.arete.org.br
Foto de abertura: Zeibekiko. Crédito: YouTube/Shakallis Dance School.